Recent Movies

Eric Clapton

Eric Patrick Clapton CBE (Ripley, 30 de março de 1945) é um guitarrista, cantor e compositor britânico. Apelidado de Slowhand, é considerado um dos melhores guitarristas do mundo.[1]
Embora seu estilo musical tenha variado ao longo de sua carreira, Clapton sempre teve suas raízes ligadas ao blues. Clapton foi considerado inovador pelos críticos em várias fases distintas de sua carreira, atingindo sucesso tanto de crítica quanto de público e tendo várias canções listadas entre as mais populares de todos os tempos, tais como "Layla", "Wonderful Tonight" e a regravação de "I Shot the Sheriff", de Bob Marley.

Carreira musical e vida pessoal

Infância e início da carreira

Clapton nasceu em Ripley, na Inglaterra, Sua mãe era solteira e o teve com 16 anos de idade. Foi criado pela sua avó e pelo marido desta, acreditando que eles eram seus pais e que sua mãe era sua irmã mais velha. Descobriu a verdade aos 9 anos de idade, e essa revelação foi um momento muito marcante na sua vida. Depois disso, ele deixou de se aplicar na escola e se tornou um garoto calado, tímido, solitário e distante de sua família. Desde então, música era o que mais o refugiava e distraía das angústias da realidade. Era uma paixão, que no decorrer dos anos, fora passando a ser parte considerável de sua vida.
Seu primeiro emprego foi como carteiro e, aos 13 anos de idade, pela sua insistência, ganhou seu primeiro violão de sua avó Rose. Apesar da dificuldade inicial de aprender a tocar o instrumento, quase desistindo, acabou se esforçando para tocar os primeiros acordes influenciado por canções antigas de blues, que tentava reproduzir. Com um pequeno gravador, Eric se empenhava em reproduzir músicas de blues que gostava, até achar que estivesse tocando igual aos artistas originais, o que fora o ajudando a desenvolver sua técnica. Em pouco tempo, já dedicava horas diárias ao aprendizado, e foi conseguindo dominar o instrumento.
Depois de completar o ensino básico, em 1962 Clapton fez um ano introdutório na Kingston School of Art, mas não continuou o curso. Em janeiro de 1963, indicado pela namorada do guitarrista Tom McGuinness, que fora sua colega no curso de artes, ingressou na banda The Roosters. Seus ensaios eram no andar de cima de um pub e a guitarra, o teclado e o vocal iam no mesmo amplificador, pois não tinham muitos recursos. Chegaram a fazer algumas apresentações, e Eric permaneceu na banda até agosto do mesmo ano.

O surgimento de Clapton

Ainda em 63, passou a integrar a banda Yardbirds, que começava a fazer sucesso na Grã-Bretanha. O empresário da banda e grande entusiasta do blues chamava-se Giorgio Gomelsky. Giorgio tinha aberto um lugar chamado CrawDaddy Club, no velho Station Hotel, em Richmond. A banda que residia o local nas noites de domingo era a recém-formada Rolling Stones. Lá Eric conheceu Mick, Keith e Brian em seu período de gestação, quando tocavam apenas R&B. Entrou na banda Yardbirds depois de ser alertado por seu então amigo Keith Richards, do Rolling Stones de que o guitarrista Topham estava prestes a desistir da banda. Com o passar do tempo, os Yardbirds foram alternando seu estilo para o ritmo Pop, o que desagradava a Eric. Sendo assim, fiel às suas raízes no blues, recusou-se a seguir a direção escolhida pelo grupo, e acabou saindo em março de 1965. Após a saída de Clapton a banda ainda teria mais 2 grandes guitarristas como integrantes, sendo o primeiro Jeff Beck, e depois Jimmy Page. Depois de um tempo em empregos temporários, Eric entrou para a John Mayall & the Bluesbreakers, estabelecendo seu nome como músico de blues e inspirando o fanatismo de jovens que pixavam Londres com a inscrição "Clapton is God" ("Clapton é Deus") por toda parte.
Ele largou os Bluesbreakers em 1966 e então formou o Cream (nome designado por Eric), um dos primeiros "power trios" do rock, com seus amigos Jack Bruce e Ginger Baker, este, a pedidos de Eric à Jack Bruce. Estes eram seus amigos de festas, que aconteciam em suas casas, nas quais era comum que todos bebessem e fumassem quantidades maciças de droga, enquanto escutavam sons de blues. Clapton e esses amigos se tornaram tão próximos que resolveram entre si formar um grupo e tocar juntos, já que tinham os gostos semelhantes entre si. Foi nessa época que Eric começou a desenvolver-se como cantor, embora Bruce, um dos melhores vocalistas do rock, fizesse a maioria dos vocais.
No final de 1966 o status de Clapton como melhor guitarrista da Grã-Bretanha foi abalado com a chegada de Jimi Hendrix. Hendrix compareceu a uma das primeiras apresentações do Cream, no London Polytechnic em 1 de outubro de 1966, e tocou uma jam com a banda durante "Killing Floor". O líder de Cream ficou chocado ao ver as extrovertidas e irreverentes brincadeiras que Jimi fazia durante a apresentação. Nunca havia visto algo parecido. Eric imediatamente percebeu que havia ganho um imbatível adversário, cujo carisma era igualado somente por sua incrível técnica na guitarra. Os primeiros shows de Hendrix no Reino Unido foram assistidos pela maioria dos astros da música britânica, incluindo Clapton, Pete Townshend e os Beatles. A chegada do americano teria um impacto profundo e imediato na próxima etapa da carreira de Clapton. O público só pensava no recém-chegado americano Hendrix.

Fim do Cream

Embora o Cream seja apresentado como um dos melhores grupos de sua geração, a banda teve vida curta. As lendárias brigas internas - especialmente entre Bruce e Baker - aumentaram a tensão entre os três integrantes, levando ao fim do trio. Outro fator significante foi uma crítica pesada da revista Rolling Stone de um dos shows do Cream, o que afetou Clapton profundamente.
Goodbye, álbum de despedida da banda, apresentava faixas ao vivo gravadas no Royal Albert Hall, assim como a versão de estúdio de "Badge", composta por Eric e George Harrison.
A amizade próxima dos dois resultou na performance de Clapton em "While My Guitar Gently Weeps", lançada no White Album dos Beatles. Ao acompanhar de perto o sofrimento da esposa de Harrison, Pattie Boyd, que vivia abandonada em razão do interesse do marido pela cultura hindu, Eric acabou se apaixonando. E o sofrimento por amar a mulher de seu melhor amigo o inspiraria a compor uma das suas canções mais conhecidas: "Layla".
Uma segunda participação em outro super grupo, o Blind Faith (1969), com Baker, Steve Winwood e Rick Grech, resultou em um álbum estupendo e uma turnê norte-americana financeiramente proveitosa. Já aí Clapton estava cansado de sua fama e do burburinho que cercava o Cream e o Blind Faith, além de ter ficado profundamente afetado pela música do The Band – com o qual de fato ele já havia pedido para se juntar depois do fim do Cream. Clapton então decidiu ficar um pouco nas sombras, e passou a viajar em turnê como convidado do grupo americano Delaney and Bonnie and Friends. Ele tornou-se amigo íntimo de Delaney Bramlett, que o encorajou a voltar a compor e a cantar.

Solo

Usando a banda de apoio de Bramletts e um elenco estelar de músicos de estúdio, Clapton lançou seu primeiro disco solo em 1970, que trazia uma de suas melhores composições: "Let It Rain".
Se apropriando da seção rítmica do Delaney & Bonnie – Bobby Whitlock (teclado, vocais), Carl Radle (baixo) e Jim Gordon (bateria) – ele formou uma nova banda com a intenção de contrastar com o culto de "estrelismo" que crescera a sua volta e mostrar Clapton como um integrante no mesmo patamar dos demais. Isto tornou-se ainda mais evidente com a escolha do nome – Derek and the Dominos – que veio de uma piada nos bastidores do primeiro show da banda.
Trabalhando no Criterion Studios em Miami com o produtor Tom Dowd, a banda gravou um brilhante álbum duplo, hoje em dia considerado como a obra-prima de Clapton: Layla and Other Assorted Love Songs. A maioria do material, incluindo a faixa título, foram inspirados pelo conto árabe Majnun e Layla e mostravam o grande amor não declarado de Clapton por Patti Harrison. "Layla" foi gravada em duas sessões distintas; a seção de abertura na guitarra foi gravada primeiro, e para a segunda seção, o baterista Jim Gordon compôs e tocou o elegante trecho ao piano.
Mas a tragédia marcou o grupo durante sua breve carreira. Durante as sessões, Clapton ficou devastado com a notícia da morte de Jimi Hendrix; a banda gravou uma versão tocante de "Little Wing" como um tributo a ele, adicionando-a ao álbum. Um ano depois, Duane Allman morreu em um acidente de motocicleta. Contribuindo mais para o sofrimento de Clapton, o álbum Layla receberia somente algumas poucas críticas neutras quando de seu lançamento.

Drogas e álcool
Clapton em 1974.
O esfacelado grupo resolveu iniciar uma turnê norte-americana. Apesar da admissão posterior de Clapton de que a turnê ocorreu em meio a uma verdadeira orgia de drogas e álcool, aquilo acabou resultando em um poderoso álbum ao vivo, In Concert. Mas o grupo se desintegraria pouco tempo depois em Londres, na véspera da gravação de seu segundo LP de estúdio. Embora Radle tenha continuado a trabalhar com Clapton por vários anos, a briga entre Eric e Bobby Whitlock foi aparentemente feia, e eles nunca mais voltariam a tocar juntos. Outra trágica nota de rodapé para a história do Dominos foi o destino de seu baterista Jim Gordon, que sofria de esquizofrenia não-diagnosticada – anos depois, durante um surto psicótico, ele mataria a própria mãe a marretadas, sendo confinado em um hospício, onde permanece até hoje.
Apesar de seu sucesso, a vida pessoal de Clapton encontrava-se em estado deplorável. Além de sua paixão por Pattie Boyd-Harrison, ele parou de tocar e se apresentar e tornou-se viciado em heroína, o que resultou em um hiato em sua carreira. A única interrupção notável desse hiato foi sua participação no Concerto para Bangladesh - organizado por George Harrison - e, depois, pelo "Rainbow Concert", organizado por Pete Townshend do The Who para ajudar Clapton a largar as drogas.
Clapton devolveu a gentileza ao interpretar o "Pregador" na versão cinematográfica de Tommy em 1975; sua aparição no filme (tocando "Eyesight To The Blind") é notável pelo fato de ele estar claramente usando uma barba falsa em algumas sequências – o resultado de ele impensadamente raspar sua barba entre as gravações!
Relativamente limpo novamente, Clapton começou a organizar uma nova e forte banda, que incluía Radle, o guitarrista George Terry, o baterista Jamie Oldaker e as backing vocals Yvonne Elliman e Marcy Levy. Eles viajaram em turnê ao redor do mundo, posteriormente lançando o soberbo E.C. Was Here (1975).
Clapton lançou 461 Ocean Boulevard em 1974, álbum mais enfatizado nas canções ao invés de sua técnica na guitarra. Sua versão de "I Shot The Sheriff" foi um grande sucesso, sendo importante ao apresentar o reggae e a música de Bob Marley para um público mais extenso. Ele também promoveu o trabalho do cantor-compositor-guitarrista J.J.Cale.
Eric continuou a gravar e a fazer turnês regulares, mas a maioria de seu trabalho desta época foi deliberadamente mais calmo, fracassando em obter a mesma repercussão do início de sua carreira.
Clapton em 1977.

Maré de azar

Em 1976, Clapton foi o centro de polêmicas devido a acusações de racismo, ao protestar contra a imigração crescente durante um show em Birmingham. Clapton disse que a Inglaterra estava "se tornando superpopulada" e implorou para que a platéia votasse em Enoch Powell para impedir que a Grã-Bretanha virasse uma "colônia negra". Seus comentários motivariam diretamente a criação do evento Rock Against Racism. Apesar do impacto negativo em sua carreira e reputação, Clapton sempre se recusou a diminuir o episódio e negou que havia alguma contradição entre seu ponto de vista político e sua carreira baseada essencialmente num formato musical criado pelos negros. Nesta mesma época, seu nome começou a aparecer em álbuns lançados no Japão como "Eric Crapton" ("Crap" significa "fezes", em inglês), embora isso seja provavelmente mais um caso de "engrish" do que de malevolência.
O final dos anos 1970 viu um Clapton com dificuldades de se acertar com a música popular, causando uma recaída no alcoolismo que o levou a ser hospitalizado e depois internado para um período de convalescência em Antígua, onde ele mais tarde apoiaria a criação de um centro de reabilitação existente até hoje, chamado Crossroads Center, e, mais tarde, criou um evento chamado Crossroads Guitar Festival, que visava arrecadar dinheiro para contribuir com o tratamento dos dependentes de drogas. Em 1985 Clapton conheceu Yvone Khan Kelly, com quem ele começaria um relacionamento. Eles tiveram uma filha, Ruth, que nasceu no mesmo ano. Clapton se divorciaria de Yvone Khan Kelly em 1988.
No começo dos anos 1990, a tragédia voltaria a atormentar a vida de Clapton em duas ocasiões. No dia 27 de agosto de 1990 o guitarrista Stevie Ray Vaughan (que estava em turnê com Eric) e dois membros de sua equipe de apoio morreram em um acidente de helicóptero. No ano seguinte, em 20 de março de 1991, Conor, filho de quatro anos de Clapton com a modelo italiana Lori Del Santo, morreu depois de cair da janela de um apartamento. Um instantâneo da dor de Clapton pôde ser visto com a canção "Tears In Heaven", My Father's Eyes (Pilgrim, 1998) e Circus Left Town (Pilgrim, 1998).
Clapton em 2006.

Slowhand ressurgindo

Assim como MTV Unplugged (vencedor do Grammy em 1993), seu álbum From The Cradle trazia várias versões de antigos sucessos do blues, dando destaque a seu estilo econômico no violão. Em 1997, ele gravou um álbum de música eletrônica sob o pseudônimo de TDF, Retail Therapy, terminando o século XX com aclamadas parcerias com Carlos Santana e B. B. King.
Em 1999, Clapton, então com 56 anos, conheceu a artista gráfica Melia McEnery, 25, em Los Angeles enquanto trabalhava em um álbum com B. B. King. Eles se casaram em 2002 e tiveram três filhas, Julia Rose (2001), Ella May (2003) e Sophie, nascida em 2005.
Tão conhecido quanto Clapton é o seu costume de usar uma variedade de guitarras. No começo de sua carreira, ele usava uma Gibson Les Paul do final dos anos 1970, sendo parcialmente responsável pela reintrodução do estilo original da Les Paul pela Gibson.
Mais tarde, Clapton começou a usar Stratocasters da Fender. A mais famosa de todas as suas guitarras foi Blackie, montada com pedaços de várias Strats e que ele usou até os anos 1990, Depois, por medo de danificá-la, guardou em casa, e não a levou mais aos palcos. Por fim, Clapton se desfez da "Blackie" por U$959,500 no leilão organizado pela Christie's de Nova York, em benefício do centro de reabilitação Crossroads.
Em 1988, Clapton foi honrado pela fábrica de guitarras Fender com a introdução de uma Stratocaster feita sob medida para ele, juntamente com Yngwie Malmsteen. Aquelas foram as primeiras guitarras modeladas para artistas na famosa série "Signature" da Stratocaster, que desde então incluiu modelos para Jeff Beck, Buddy Guy e Stevie Ray Vaughan, entre outros.
Em 1999, Clapton levou a leilão parte de sua coleção de guitarras para levantar fundos para o Crossroads, centro de reabilitação para viciados que ele fundou na Antígua em 1997. O montante total conseguido no leilão pela Christie’s foi de U$7,438,624.
Em 3 de novembro de 2004, Clapton é condecorado com o título de Comandante da Ordem do Império Britânico (CBE).

Discografia
  • 1963 Sonny Boy Williamson and The Yardbirds (com Yardbirds)
  • 1964 Five Live Yardbirds (com Yardbirds)
  • 1965 For your love (com Yardbirds - coletânea americana)
  • 1965 Having a Rave Up (com Yardbirds - coletânea americana)
  • 1966 Blues Breakers with Eric Clapton (com John Mayall and The Bluesbreakers)
  • 1966 Fresh Cream (com Cream)
  • 1967 Disraeli Gears (com Cream)
  • 1968 Wheels of Fire (com Cream)
  • 1969 Goodbye Cream (com Cream)
  • 1969 Blind Faith (com Blind Faith)
  • 1969 Best of Cream (com Cream - coletânea)
  • 1970 On Tour with Eric Clapton (com Delaney, Bonnie & Friends)
  • 1970 Live Cream (com Cream - coletânea ao vivo)
  • 1970 Eric Clapton
  • 1970 Layla and Other Assorted Love Songs (com Derek and the Dominos)
  • 1971 The Yardbirds Featuring Performances by: Jeff Beck, Eric Clapton, and Jimmy Page (com Yardbirds - coletânea)
  • 1972 Live Cream Volume II (com Cream - coletânea ao vivo)
  • 1972 Heavy Cream (com Cream - coletânea)
  • 1972 History of Eric Clapton (coletânea)
  • 1972 Eric Clapton at His Best (coletânea)
  • 1973 In Concert (com Derek and the Dominos) (ao vivo em 1970)
  • 1973 Clapton (coletânea)
  • 1973 Eric Clapton's Rainbow Concert (ao vivo em 1972)
  • 1974 461 Ocean Boulevard
  • 1975 There's One in Every Crowd
  • 1975 E.C. Was Here (ao vivo em 1975)
  • 1976 No Reason to Cry
  • 1977 Slowhand
  • 1978 Backless
  • 1980 Just One Night (duplo; ao vivo em 1979)
  • 1981 Another Ticket
  • 1982 Time Pieces: Best Of Eric Clapton (1970-1978)
  • 1983 Money and Cigarettes
  • 1984 Too Much Monkey Business
  • 1984 Backtrackin'
  • 1985 Behind the Sun
  • 1986 August
  • 1987 The Cream of Eric Clapton
  • 1988 Crossroads (caixa)
  • 1989 Homeboy
  • 1989 Journeyman
  • 1990 The Layla Sessions (com Derek and the Dominos) (caixa em comemoração aos 20 anos de lançamento)
  • 1991 24 Nights (ao vivo em 1990)
  • 1992 Rush
  • 1992 Unplugged (ao vivo em 1992)
  • 1994 From the Cradle
  • 1994 Live at the Fillmore (com Derek and the Dominos) (ao vivo em 1973)
  • 1995 The Cream of Clapton
  • 1996 Crossroads 2: Live in the Seventies (CD quádruplo, gravações ao vivo de 1974 a 1978)
  • 1998 Pilgrim
  • 1999 The Blues (álbum duplo)
  • 1999 Clapton Chronicles: The Best of Eric Clapton
  • 2000 Riding With the King (com B.B. King)
  • 2001 Reptile
  • 2002 One More Car, One More Rider (ao vivo em 2001)
  • 2004 Me and Mr. Johnson (versões de músicas de Robert Johnson)
  • 2005 Back Home (álbum de estúdio)
  • 2006 Road To Escondido" (álbum gravado com JJ Cale)
  • 2007 Complete Clapton
  • 2009 Eric Clapton and Steve Winwood (Live from Madson Square Garden)
  • 2010 Eric Clapton Clapton (2010)

Charley Patton

Charley Patton nasceu no Mississipi, em 1º de maio de 1891, onde passou quase toda a sua vida na vasta plantação Dockery. Aprendeu a tocar Blues com Henry Sloan, considerado um bluesman pioneiro, embora não se tenha registro de suas gravações e careça de fontes. Patton foi um dos poucos cantores recrutados por olheiros para gravar discos. As gravadoras comerciais buscavam esses cantores regionais com o intuito de vender fonógrafos para os negros. Comprava-se o aparelho e acompanhava como brinde os discos desses artistas locais.
As dificuldades por vezes faziam Patton se afastar do Blues, embora houvesse sempre o esforço para retornar. Na adolescência, fora proibido de tocar pelo pai, que considerava o tipo de música rude de seu filho pecaminosa, além de desejar que o mesmo se mantivesse distante dos ambientes de festas, bebidas e sexo. Quando as ameaças falhavam, Charley Patton era levado ao depósito de madeira para apanhar. Contudo, com o passar do tempo e o crescimento do rapaz, seu pai acabou lhe comprando um violão. Mas a ele era recomendado a tocar músicas de teor mais alegre. Passou a tocar com a banda da vizinhança Chatmon Family, produzindo um Ragtime. Patton insatisfeito e grande amante do Blues foi seguir Henry Sloan. Ambos perambulavam pela região com sua música e num modo de vida impulsiva, de vadiagem e vícios, como bebidas e mulheres. Quando a situação apertava, Patton voltava pra casa e se apegava a bíblia, o que logo abandonava novamente.
Patton era reconhecido pelo seu temperamento forte, e por se meter em confusões. Teve várias esposas, que relatam seu comportamento violento, de agressões as mesmas. Algumas teorias das ciências sociais afirmam que, conforme a opressão sofrida perante a sociedade, era comum decorrer comportamentos violentos e também opressores por parte do negro, sobretudo dentro de suas casas. Porém, quando apresentava sua música, Patton era aclamado pelo seu jeito peculiar, seu canto teatral e seus malabarismos, como jogar e pegar o violão e tocá-lo nas costas. A maioria de suas músicas gravadas em suas primeiras sessões tratavam de celebrações de sua vida turbulenta, do desejo de fugir, das experiências nas brigas e com as mulheres. Segundo o cartunista Robert Crump, uma de suas gravações mais populares “High Water Everywhere” retrata a enchente do Rio Mississipi em 1927.
Após 1930, a saúde do músico encontrava-se debilitada. Suas canções passaram a relatar sua proximidade e o medo que sentia da morte. Em janeiro de 1934, a American Record Corporation procurou Patton para gravar um disco. A empresa tentava se reerguer após o período da Grande Depressão. A sua esposa Bertha Lee, participou do álbum sendo o vocal de algumas canções. Pouco tempo depois, em vinte oito de abril de mil novecentos e trinta e quatro, Charley Patton faleceria. Sua morte não foi noticiada pela imprensa local e nacional. Sua história e suas composições ainda são pouco conhecidas, assim como muitos outros artistas das work-songs, do período da escravidão, os últimos devidos, sobretudo a ausência de fontes. No entanto, o Blues prosperou, conquistou outros espaços, outras histórias que se mantém até os dias atuais.

Little Walter

Marion Walter Jacobs, conhecido como Little Walter (Marksville, Louisiana, 1 de Maio de 1930Burbank, 15 de Fevereiro de 1968) foi um cantor e gaitista de blues estadunidense, sua abordagem revolucionária sobre a harmonica lhe rendeu comparações a Charlie Parker e Jimi Hendrix[1] pela inovação e impacto sobre gerações sucessoras. Seu virtuosismo e inovação musical fundamentalmente alteraram as expectativas de muitos ouvintes sobre o som que poderia ser feito com uma harmónica no blues. Um de seus maiores sucessos foi a canção My Babe em 1955 composta por Willie Dixon.

Início da vida:

Little Walter nasceu em Marksville, Louisiana e cresceu em Alexandria, Louisiana, onde aprendeu a tocar harmónica. Depois de sair da escola aos 12 anos, Walter deixou a vida rural de Louisiana e viajou pela região de Nova Orleans, Memphis, Helena, Arkansas e St. Louis trabalhando como mascate e tocando nas ruas por trocados.
Ao chegar em Chicago em 1945, ele ocasionalmente encontrou trabalho como guitarrista mas atraiu mais atenção com suas habilidades já muito desenvolvidas com a harmónica. De acordo com Floyd Jones, a primeira gravação de Little Walter foi uma demo não lançada que foi feita logo após sua chegada a Chicago, na qual ele tocava guitarra base na banda de Jones.[2]
Walter ficou frustrado por ter a sua harmónica escondida pelas guitarras elétricas, ele então adotou um método simples, mas pouco usado anteriormente, segurou com as mãos em forma de concha um pequeno microfone junto com a gaita, e plugou esse microfone em um amplificador de guitarra. Dessa maneira ele conseguia competir com o volume de qualquer guitarrista. Ao contrário de outros gaitistas da época como Sonny Boy Williamson e Snooky Pryor, que começaram a usar a técnica somente para aumentar o volume do instrumento, Walter usava o método para explorar e desenvolver radicalmente novos timbres e efeitos sonoros nunca ouvidos antes de uma harmónica ou qualquer outro instrumento. Madison Deniro escreveu uma pequena biografia de Little Walter, na qual afirma que Walter foi o primeiro músico de qualquer gênero a usar distorção elétrica de propósito.[3]

Sucesso

A primeira gravação de Walter a ser lançada foi feita em 1947 pelo pequeno selo Ora-Nelle de Bernard Abrams, que funcionava nas salas do fundo da loja Maxwell Radio and Records no coração da área comercial da Maxwell Street em Chicago.[4] As primeiras gravações de Walter assim como muitas gravações de blues da época eram fortemente influenciadas pelo pioneiro na harmónica blues Sonny Boy Williamson (John Lee Williamson).
Little Walter se juntou a banda de Muddy Waters em 1948, e em 1950 estava tocando harmónica acústica nas gravações de Muddy pela Chess Records. A primeira aparição da harmónica amplificada de Walter foi em "Country Boy"/"Too Young To Know" (Chess 1452), gravada em 11 de julho de 1951. Durante anos depois de sua separação da banda de Muddy em 1952 Walter continuou participando das suas sessões de gravação, como resultado sua harmónica pode ser ouvida em praticamente todas as gravações clássicas de Muddy Waters da década de 50.[5]
Como guitarrista, Little Walter gravou três músicas pelo selo Parkway com Muddy Waters e Baby Face Leroy Foster (relançado em CD como The Blues World of Little Walter pela Delmark Records em 1993). Walter também tocou guitarra em sessões com o pianista Eddie Ware e com Jimmy Rogers.
Walter deixou de lado sua carreira como líder de banda quando entrou para a banda de Muddy Water, mas tomou a frente de uma banda para sempre depois de começar a gravar pela subsidiária da Chess, a Checker Records, em maio de 1952. Sua primeira gravação como artista solo foi a música Juke, que permaneceu por oito semanas na primeira posição das paradas R&B da Billboard. Até então Juke havia sido o maior sucesso da Chess e seus selos afiliados. Little Walter fez mais 14 hits nas paradas R&B da Billboard entre 1952 e 1958, incluindo dois na primeira posição (o segundo foi "My Babe" em 1955), um sucesso comercial nunca antes atingido pelos principais músicos da Chess que eram Muddy Waters, Howlin' Wolf e Sonny Boy Williamson II. Seguindo o padrão de Juke, a maioria dos lançamentos de single de Little Walterma década de 1950 apresentavam uma faixa com vocais no lado A e uma faixa instrumental no lado B. A maioria das músicas com vocais dos singles de Walter foram escritas por ele e por Willie Dixon ou adaptadas e atualizadas de temas antigos de blues. Em geral seu som era mais moderno e rápido que as outras músicas populares do que seria chamado mais tarde de Chicago blues, suas músicas tinham um conceito mais voltado para o jazz.
Little Walter participou de gravações de diversos outros músicos, incluindo Jimmy Rogers, John Brim, Rocky Fuller, Memphis Minnie, The Coronets, Johnny Shines, Floyd Jones, Bo Diddley, Shel Silverstein,Sam Lay, Otis Rush, Johnny Young e Robert Nighthawk.
Walter sofria de alcoolismo e tinha um forte temperamento, fatores que ajudaram no declínio de sua fama e fortuna no final dos anos 50, apesar de ter feito duas turnês pela Europa, em 1964 e 1967. O forte boato que correu durante anos de que Walter teria escursionado pelo Reino Unido com os The Rolling Stones em 1964 foi refutado por Keith Richards. A turnê de 1967 pela Europa, como parte do American Folk Blues Festival, resultou na única filmagem feita de Little Walter se apresentando. Filmagens de Walter tocando com Hound Dog Taylor e Koko Taylor em um programa de televisão dinamarquêsem outubro de 1967 foram lançadas em DVD em 2004.
Em 1967 a Chess lançou um álbum de estúdio apresentando Little Walter, Bo Diddley e Muddy Waters entitulado Super Blues.

Morte

Poucos meses depois de retornar de sua segunda turnê européia, se envolveu em uma briga na pausa de um show em um clube noturno no sul de Chicago. As lesões relativamente pequenas agravaram danos sofridos em brigas anteriores e Walter acabou morrendo enquanto dormia no apartamento de uma namorada na no número 209 E. da rua 54 em Chicago na manhã seguinte.[6] A causa oficial da sua morte é indicada como Trombose coronária em seu atestado de óbito. As lesões externas em seu corpo eram tão insignificantes que a polícia acabou ignorando e declarou sua morte como sendo por causas desconhecidas ou naturais.[6] Seu corpo foi enterrado no St. Mary's Cemetery em Evergreen Park, Illinois em 22 de fevereiro de 1968.[6]

Premiações e reconhecimento

  • 1986 - Blues Hall of Fame: "Juke" (Classics of Blues Recordings - Singles or Album Tracks category)[7]
  • 1991 - Blues Hall of Fame: Best of Little Walter (Classics of Blues Recordings - Albums category)[7]
  • 1995 - Rock and Roll Hall of Fame: "Juke" (500 Songs that Shaped Rock and Roll)[8]
  • 2003 - Rolling Stone: Best of Little Walter (No. 198 na lista The 500 Greatest Albums of All Time)[9]
  • 2008 - Grammy Awards: "Juke" (Grammy Hall of Fame Award)[10]

Discografia

Singles de sucesso

Little Walter teve 15 singles que entraram nas paradas de sucesso durante sua carreira. Os Singles foram lançados pela Checker, uma subsidiária da Chess Records.
AnoTítuloCatalogo No.[12]R&B
Billboard
1952"Juke"Checker 7581
"Sad Hours"Checker 7642
1953"Mean Old World"6
"Tell Me Mama"Checker 77010
"Off the Wall"8
"Blues with a Feeling"Checker 7802
1954"You're So Fine"Checker 7862
"Oh, Baby"Checker 7938
"You Better Watch Yourself"Checker 7998
"Last Night"Checker 8056
1955"My Babe"Checker 8111*
"Roller Coaster"Checker 8176
1956"Who"Checker 8337
1958"Key to the Highway"Checker 9046
1959"Everything Gonna Be AlrightChecker 93025
*Também alcançou o número 106 na parada Top Pop da Billboard.

Discografia selecionada

Assim como muitos músicos de blues da década de 60, Little Walter era um artista de singles. O único álbum lançado durante sua vida, Best of Little Walter, inclui 10 de seus singles de sucesso, mais dois lados B. Depois de sua morte. Vários singles foram compilados em álbuns. Os álbuns disponíveis atualmente, lançados pelo mais recente sucessor da Chess são os seguintes:
AnoTítuloSeloComentários
1993The Blues World of Little WalterDelmarkinclui 5 músicas da fase pré-Checker com Little Walter na harmonica sem amplificador, mais três na guitarra; relançamento do álbum da décade de 80
1998His Best: Chess 50th Anniversary CollectionChess/Universalinclui 12 de singles de sucesso, mais 8 músicas que não foram para as paradas; essencialmente é o álbum Best of Little Walter de 1958 lançado pela Chess
2004Confessing the BluesUniversal Japãorelançamento do álbum de 1974 da Chess, mais 6 faixas bônus
2004Hate to See You GoUniversal Japãorelançamento do álbum de 1969 da Chess, mais 2 faixas bônus
2007Best of Little WalterUniversal Japãorelançamento do álbum de 1958 da Chess, mais 3 faixas bônus
2009The Complete Chess Masters: 1950–1967Hip-O/Universal126 músicas em 5 CDs; todas gravações da Checker/Chess, incluindo versões alternativas

Little Walter também gravou diversas músicas como acompanhante. The Definitive Collection (2006) de Muddy Waters e His Best (2003) de Jimmy Rogers (ambos pela Universal) incluem músicas com participação de Walter.

Muddy Waters

O nome artístico (em português, Águas Lamacentas) ele ganhou devido ao costume de quando criança brincar em um rio. Seu primeiro instrumento foi a Harmónica, que aprendeu a tocar aos 13 anos, tocava nas esquinas por trocados e comida junto com um amigo. Enquanto ainda jovem, viu Charley Patton e Son House tocarem, Son House inclusive foi uma grande influência, ele mostrou a Muddy como tocar guitarra slide com uma garrafa de vidro, o que o levou a trocar de instrumento aos 17 anos.
Ele mudaria-se mais tarde de Mississipi para Chicago, Illinois, onde trocou o violão pela guitarra elétrica. Sua popularidade começou a crescer entre os músicos negros, e isso o permitiu passar a se apresentar em clubes de grande movimento. A técnica de Waters é fortemente característica devido a seu uso da braçadeira na guitarra. Suas primeiras gravações pela Chess Records apresentavam Waters na guitarra e vocais apoiado por um violoncelo. Posteriormente, ele adicionaria uma seção rítmica e a gaita de Little Walter, inventando a formação clássica de Chicago Blues.
Com sua voz profunda, rica, uma personalidade carismática e o apoio de excelentes músicos, Waters rapidamente tornou-se a figura mais famosa do Chicago Blues. Até mesmo B. B. King referiria-se a ele mais tarde como o "Chefe de Chicago". Suas bandas eram um "quem é quem" dos músicos de Chicago Blues: Little Walter, Big Walter Horton, James Cotton, Junior Wells, Willie Dixon, Otis Spann, Pinetop Perkins, Buddy Guy, e muitos outros.
As gravações de Waters do final dos anos 1950 e começo dos 60 foram particularmente suas melhores. Muitas das canções tocadas por ele tornaram-se sucesso: I’ve Got My Mojo Working, Hoochie Coochie Man, She’s Nineteen Years Old e Rolling and Tumbling, grandes clássicos que ganhariam versões de várias bandas dos estilos mais diversos.
Sua influência foi enorme em muitos gêneros musicais: blues, rhythm and blues, rock, folk, country. Foi Waters quem ajudou Chuck Berry a conseguir seu primeiro contrato.
Suas turnês pela Inglaterra no começo dos anos 1960 marcaram provavelmente a primeira vez que uma banda pesada, amplificada, se apresentou por ali (certo crítico sentiu-se obrigado a sair de um show para escrever sua análise por achar que a banda tocava muito alto). As canções de Waters inclusive exerceram grande influência nas bandas britânicas. O grupo Rolling Stones tirou seu nome de Rollin’ Stone, de 1950, mais conhecida como "Catfish Blues". Um dos maiores sucessos do grupo Led Zeppelin, Whole Lotta Love, foi baseado em You Need Love, composta por Willie Dixon . Foi Dixon quem compôs algumas das canções mais conhecidas de Muddy Waters, como I Just Want to Make Love to You, Hoochie Coochie Man e I’m Ready.
No final da década de 70 sua carreira renasceu ao fazer uma parceria com Johnny Winter que rendeu seus últimos quatro discos pela gravadora "Blue Sky". Nas gravações do último deles, "King Bee" (1981), a banda que na época era composta pelos guitarristas Sammy Lawhorn, Bob Margolin e Luther Johnson, pianista Pinetop Perkins, gaitista Jerry Portnoy, baixista Calvin "Fuzz" Jones e o baterista Willie "Big Eyes" Smith, estava se dissolvendo, e Muddy mostrava sinais de cansaço, todos continuaram grandes amigos, mas não conseguiram gravar material suficiente para terminar o álbum. Johnny Winter então completou com gravações não lançadas de antigas sessões da banda. A última apresentação de Muddy foi na Flórida no outono de 1982 com a banda de Eric Clapton.
Em 30 de abril de 1983 Muddy Waters morreu vítima de Insuficiência cardíaca enquanto dormia na sua casa em Westmont, Illinois. Foi enterrado no "Restvale Cemetery" em Alsip, Illinois. A cidade de Chicago e o subúrbio de Westmont homenageram Muddy colocando seu nome em vias públicas.[1]
Entre outras canções com as quais Waters tornou-se conhecido estão Long Distance Call, Mannish Boy e o hino do rock/blues I’ve Got My Mojo Working.
Um pouco da história de Muddy Waters e da Chess Records foi retratada no filme Caddilac Records de 2008.


Muddy Waters foi induzido ao "Blues Hall of Fame" em 1980 e ao "Rock and Roll Hall of Fame" em 1987

Discografia
  • 1941 - Stovall's Plantation
  • 1941 - First Recording Sessions 1941-1946
  • 1948 - I can't be satisfied
  • 1950 - Rolling Stone
  • 1953 - Baby Please don't go
  • 1954 - (I'm Your) Hoochie Coochie Man
  • 1955 - Mannish Boy
  • 1956 - Got My Mojo Working
  • 1956 - Louisiana Blues
  • 1956 - Mississippi Blues
  • 1960 - At Newport
  • 1960 - Muddy Watersy sings Big Bill Broonzy
  • 1963 - Folk Festival of the Blues
  • 1964 - The best of Muddy Waters
  • 1964 - Folk Singer
  • 1964 - Muddy Waters
  • 1965 - Live Recordings 1965-1973
  • 1965 - Muddy Waters with Little Walter
  • 1965 - The Real Folk Blues
  • 1966 - Down on Stovall's Plantation
  • 1966 - Muddy Waters: The Blues Man
  • 1966 - Muddy, Brass and Blues
  • 1967 - Blues from Big Bill's Copacabana
  • 1967 - Muddy Brass & the Blues
  • 1967 - More Real Folk Blues
  • 1967 - Super Blues (Muddy Waters, Bo Diddley, Little Walter)
  • 1967 - The Super Super Blues Band (Muddy Waters, Bo Diddley, Howlin' Wolf)
  • 1968 - Electric Mud
  • 1969 - After the Rain
  • 1969 - Fathers and Sons
  • 1969 - Sail on
  • 1970 - Vintage Mud
  • 1970 - Back in the Good Old Days
  • 1970 - Good News
  • 1970 - Goin'Home: Live in Paris 1970
  • 1970 - They call me Muddy Waters [I]
  • 1971 - They call me Muddy Waters [II]
  • 1971 - Live at Mister Kelly's
  • 1977 - Hard Again
  • 1978 - I'm Ready
  • 1979 - Muddy "Mississippi" Waters
  • 1981 - King Bee

A Gaita no Blues

A harmônica, ou simplesmente gaita, como é apelidada no Brasil, é o "menor" dos instrumentos musicais. Dessa excentricidade física, surge talvez o fascínio que esse instrumento quase invisível exerce nas pessoas. Meu objetivo ao elaborar essa apostila é ampliar os horizontes dos futuros gaitistas mostrando os principais recursos e possibilidades desse instrumento. Como no aprendizado de qualquer outro instrumento, a harmônica requer dedicação e disciplina. Leva-se algum tempo para desenvolver a memória muscular específica para dominar até mesmo as mais elementares técnicas, tais como soprar e aspirar uma única nota de cada vez.
Fazendo parte da família dos instrumentos de palheta livre inspirados em antigos instrumentos chineses como o shang, a harmônica foi inventada por um relojoeiro alemão, Christian Bushman, em 1821 e desenvolvida por um fabricante de instrumentos da Bohemia chamado Richter. Chegou à era da produção em massa através do também relojoeiro e renomado homem de negócios Mathias Hohner.

Devido ao seu baixo custo, ele rapidamente se popularizou, chegando nos Estados Unidos na época da Guerra Civil, onde foi incorporada pelos afro-americanos, que com o passar do tempo foram descobrindo suas reais potencialidades. Criada na Alemanha, a gaita diatônica encontrou solo fértil nos Estados Unidos, onde o instrumento foi um dos alicerces da formação de um estilo musical que viria transformar toda música do século XX, o blues.

A harmônica é um dos mais misteriosos instrumentos no que se refere ao seu aprendizado e às infinitas nuances possíveis de interpretação. Em primeiro lugar, o papel da visão é totalmente diverso do aprendizado de piano, sax, guitarra e da grande maioria dos instrumentos. A grande maioria das ações acontece dentro do nosso corpo, onde a visão em nada pode nos ajudar. No caso da harmônica cromática já existem algumas metodologias de ensino mais convencionais, em geral seguindo estruturas semelhantes às do aprendizado de outros instrumentos. Já na harmônica diatônica, os métodos costumam ser bastante limitados.

Os instrumentos e a música estão em constante evolução. A cada dia, novos músicos incorporam diferentes técnicas e inovações. É praticamente impossível definir o que é certo e o que é errado em termos de técnicas empregadas, tipos de embocadura e formas diferentes de se produzir sons. O próprio termo harmônica diatônica nos parece impróprio, já que os recursos do instrumento estão de fato muito além da escala diatônica.


O Blues

Blues é uma forma musical vocal e/ou instrumental que se fundamenta no uso de notas tocadas ou cantadas numa frequência baixa, com fins expressivos, evitando notas da escala maior, utilizando sempre uma estrutura repetitiva. Nos Estados Unidos surgiu a partir dos cantos de fé religiosa, chamadas spirituals e de outras formas similares, como os cânticos, gritos e canções de trabalho, cantados pelas comunidades dos escravos libertos, com forte raiz estilística na África Ocidental[1]. Suas letras, muitas vezes, incluíam sutis sugestões ou protestos contra a escravidão ou formas de escapar dela.

As origens
Plantação de algodão em West Point, Mississipi (1908)
O blues tem sua origem na África, onde a tradição é passada de pai para filho. Nos EUA o Blues sempre esteve profundamente ligado à cultura afro-americana, especialmente aquela oriunda do sul dos Estados Unidos (Alabama, Mississipi, Louisiana e Geórgia), dos escravos das plantações de algodão que usavam o canto, posteriormente definido como "blues", para embalar suas intermináveis e sofridas jornadas de trabalho. São evidentes tanto em seu ritmo, sensual e vigoroso, quanto na simplicidade de suas poesias que basicamente tratavam de aspectos populares típicos como religião, amor, sexo, traição e trabalho. Com os escravos levados para a América do Norte no início do século XIX, a música africana se moldou no ambiente frio e doloroso da vida nas plantações de algodão. Porém o conceito de "blues" só se tornou conhecido após o término da Guerra Civil quando sua essência passou a ser como um meio de descrever o estado de espírito da população afro-americana. Era um modo mais pessoal e melancólico de expressar seus sofrimentos, angústias e tristezas. A cena, que acabou por tornar-se típica nas plantações do delta do Mississippi, era a legião de negros, trabalhando de forma desgastante, sobre o embalo dos cantos, os "blues".

As raízes no delta

Há várias versões sobre aquela que é a primeira composição típica de blues, assim como seu primeiro idealizador. Diz a lenda que o autoproclamado "Pai do Blues" W. C. Handy ouviu este tipo de música pela primeira vez em 1903, quando viajava clandestinamente em um vagão de trem e observava um homem que tocava violão com um canivete.[carece de fontes?] Daí teria surgido aquele que é dito como o primeiro blues da história, St. Louis Blues. Porém o mais correto a afirmar é que o blues surgiu de uma forma mais ambiental e progressiva do que uma única canção. De fato, a instrumentalização das work songs (canções de trabalho) foi o marco inicial para o surgimento do blues como estilo de música.
O primeiro nome popular a surgir como músico específico de blues foi o de Charley Patton, em meados da década de 20. Posteriormente, na mesma época, surgiram nomes como de Son House, Willie Brown, Leroy Carr, Bo Carter, Sylvester Weaver, Blind Willie Johnson, Tommy Johnson entre outros. A princípio, a maioria das canções interpretadas eram cantos tradicionais como Catfish Blues e John The Revelator, canções essas que tiveram vários intérpretes e versões variadas no decorrer da história. Porém, foi na década de 30 que surgiu aquele que é talvez o nome mais influente e idolatrado do blues: Robert Johnson. Influenciado sobretudo por Son House e Willie Brown, Johnson viveu pouco tempo, cerca de 27 anos, sendo que a sua data de nascimento não é totalmente precisa. Vitimado, segundo a lenda, por um whisky envenenado pelo marido de uma de suas amantes.[carece de fontes?] Gravou 29 canções apenas, entre 1936 e 1937, porém consideradas alguns dos maiores clássicos de blues de todos os tempos.
No final dos anos 30 e inícios dos 40 surgiram as primeiras grandes bandas de blues, de Sonny Boy Williamson e Big Bill Broonzy. E a partir de 1942 o blues sofre sua primeira grande "revolução" interna com o soar das primeiras notas eletrificadas do lendário guitarrista T-Bone Walker. Certamente é deste nome que remonta as origens do formato consagrado do blues moderno, baseado na repetição 12 compassos da melodia base e com o solo totalmente livre do acompanhamento, (ou seja, o puro improviso) o que não ocorria até então já que o solista era na maioria dos casos também o responsável pelo parte rítmica instrumental. O que certamente tornou possível a T-Bone Walker ser o precursor do estilo clássico moderno do blues foram suas raízes no Jazz, que posteriormente imortalizariam a marca de seu Blues. Com a explosão do blues em Chicago e o advento da eletricidade na música, o blues atingiu um patamar novo, deixando de ser restrito a um pequeno grupo, para se tornar cultura popular no sul dos Estados Unidos.

O blues de Chicago
B.B. King
Em meados dos anos 40, começa um período intenso de migração do delta do Mississippi para Chicago, que já ocorria há alguns anos, porém de forma mais escassa. A população negra do sul dos Estados Unidos, procurando fugir da repressão e das condições precárias de vida que lá encontravam, viram em Chicago um lugar para novas oportunidades. Os músicos de Blues que, por essa época, chegavam em grande número a Chicago, encontraram a eletricidade na música, o que possibilitou uma gama enorme de novas possibilidades e os permitiu alçarem vôos mais altos com sua música. Talvez o grande nome dessa nova fase tenha sido o de Muddy Waters, o primeiro a eletrificar todos os instrumentos de sua banda. Com seu blues carregado, poderoso e intenso, Muddy Waters é talvez, junto com Robert Johnson, a figura mais influente e popular do blues americano, sendo o primeiro bluesman a ter seu nome reconhecido fora dos Estados Unidos, sobretudo na Inglaterra, onde influenciaria posteriormente o surgimento de diversas bandas importantes como The Beatles, Yardbirds e The Rolling Stones. Essa última inclusive teve seu nome baseado em uma música de Muddy Waters, Rollin' Stone. Waters compôs e/ou interpretou inúmeros clássicos máximos do blues como Baby Please Don't Go, I Can't Be Satisfied, Honey Bee e Hoochie Coochie Man, entre muitas outras. Sua importância no desenvolvimento do blues como gênero dominante no cenário mundial é tão grande que é necessário um capítulo à parte para descrever toda a sua obra.
Outro grandioso nome do blues surgido nesse período foi o de Willie Dixon. Um dos poucos baixistas líder de banda do Blues, Dixon é considerado o "poeta do blues", já que suas letras se tornaram hinos da cultura bluesística. Sem dúvida é o mais importante compositor da segunda geração do blues. É dele a composição de um dos maiores clássicos, Hoochie Coochie Man, que se tornou famosa na versão de Muddy Waters. Entre outros clássicos estão You Shock Me, I Can't Quit You Baby, Little Red Hooster (composição em parceria com Howlin' Wolf), Spoonful e Back Door Man .
Willie Dixon
Não menos importante foi o nome de Howlin' Wolf. Guitarrista e gaitista de origem, ficou famoso por sua voz rouca e de um blues bastante swingado. Definiu um estilo impossível de não ser reconhecido, que influenciaria de forma marcante posteriormente músicos como Eric Clapton, Jeff Beck e Stevie Ray Vaughan. Suas parcerias com Willie Dixon renderam verdadeiras obras primas, além de composições conjuntas. Destaques para The Little Red Rooster e Howlin' For My Baby.
A guitarra elétrica se tornou unanimidade absoluta no blues, nesse período, porém nenhum outro nome consagrou tanto a guitarra solo como elemento central do blues quanto B.B. King. Influenciado diretamente por T-Bone Walker, outro virtuose da guitarra solo, B.B. King criou um estilo único e quase inigualável de frasear o instrumento, de forma pura e melódica como poucos conseguem. O seu vibrato tornou-se marca registrada, dando aos solos de guitarra uma forma quase verbal. Sem falar de seu vocal-tenor que muitas vezes se destacava mais que o próprio instrumento. Influenciando praticamente todos os guitarristas que vieram posteriormente, é classificado, merecidamente, como o "rei do blues". De fato, blues e B.B. King hoje são termos quase inseparáveis.
Inevitável não citar a figura de John Lee Hooker, que se identificaria posteriormente pelo seu Booggie, e seu estilo falado de cantar, que se tornaria sua marca registrada. Porém sua importância no blues vai muito mais além do que apenas uma vertente adjunta. Além de ter sido um dos primeiros a eletrificar a guitarra no blues, John Lee Hooker foi o percursor do Blues de Chicago, antes mesmo de Muddy Waters ganhar renome e importância, e suas obras foram de total referência na estilo Rock que estava nascendo.

Os anos 60 e o blues britânico
Um dos momentos mais marcantes do blues foi a apresentação de Muddy Waters em Londres no início dos anos 50. Foi um marco, pois dali em diante o blues ganharia renome internacional e influenciaria o surgimento de novas vertentes musicais, especialmente o rock n' roll. Logicamente Chuck Berry é indiscutível como iniciador do modelo rock, porém sua origem é absoluta no blues, ainda mais na música de Waters[2]. Mas foi o reconhecimento do blues na Inglaterra nos anos 50 que alavancaria o nascimento de uma revolução na história da música ocidental. E foi da fusão do blues, com essa nova vertente, o rock, que nasceria o gênero que marcaria em essência toda a nova geração de músicos que surgia no cenário mundial. Era o blues-rock[3]. Bandas como Rolling Stones, Yardbirds e mais posteriormente Cream, Fleetwood Mac, Jeff Beck e Led Zeppelin teriam suas raízes totalmente fundadas no blues elétrico de Chicago. Talvez o grupo de maior importância no recém surgido cenário blues britânico tenha sido John Mayall and the Bluesbreakers, que além de ter grande influência no crescimento do blues dentro do país, foi a banda-alçapão de músicos que viriam a se tornar importantíssimos nesse cenário musical em ascensão, como Eric Clapton[4], que posteriormente viria a formar o Cream, Peter Green que sairia do grupo para ser líder e compositor do Fleetwood Mac, e Mick Taylor, que seria requisitado como guitarrista dos Rolling Stones.
Muddy Waters
E, com o reconhecimento mundial desses músicos, os nomes clássicos do folk-blues americano como Robert Johnson, Son House, Muddy Waters, Howlin' Wolf e B.B. King passaram a ser referências diretas. Foi no Newport Folk festival de 1963 que o blues teve seu auge, com a apresentação de diversas figuras consagradas do estilo. Daí em diante praticamente todos os músicos dos mais diversos estilos provenientes do rock e blues regravaram clássicos antigos. O Led Zeppelin, em seu primeiro álbum gravou uma série de composições de Willie Dixon, porém incluindo como autoria própria, o que resultaria em uma batalha judicial, que obrigaria a banda a identificar Dixon como autor original[5].
Na América, os efeitos foram diretos, e músicos como Creedence Clearwater Revival, The Doors, Bob Dylan e Jimi Hendrix desenvolveram seus estilos próprios fundamentados nas raízes do blues. Internamente, nomes como Albert King, Freddie King e Buddy Guy, iniciaram uma mudança na sonoridade do blues, juntando elementos típicos do rock, a guitarra distorcida e pesada, com o som tradicional, o que levaria alguns puristas a rejeitarem essa nova "moda" que contrariava o purismo tradicional da música.

O renascimento nos anos 80

Durante os anos 70, o blues, como forma predominante de influência musical, que havia influenciado o surgimento de diversas outras tendências, ia perdendo espaço cada vez mais para os elementos eletrônicos e especialmente da era disco. Até meados dos anos 80 o blues quase inexistia como estilo musical. As aparições dos músicos clássicos de Chicago eram cada vez mais esporádicas, e a própria nova moda rejeitava a sua tendência não comercial contrastante com a fase "Dancing" dos anos 80. Porém foi com o guitarrista texano Stevie Ray Vaughan, que o blues ganhou novas forças. Virtuoso e intenso ao tocar, Vaughan trouxe à tona um estilo até então adormecido, regravando clássicos e criando uma marca própria, unindo elementos típicos do blues de Chicago de Albert King, B.B. King e Howlin' Wolf, com o virtuosismo de Jimi Hendrix. Medalhões apagados como B.B. King, Eric Clapton e outros voltavam a ser referências, e Vaughan foi o responsável por essa nova fase. Vaughan gravou quatro álbuns de estúdio, e neles estão composições que se tornaram referências ao blues e suas vertentes. Suas interpretações variavam do blues tradicional (Pride and Joy, Texas Flood), ao cool jazz (Stang's Swang, Riviera Paradise), passando por soul music (Life Without You), funk rock (Could't Stand't The Weather) e shuffle (Rude Mood). Após a sua morte prematura em 1990, o blues nunca mais teve a mesma força e influênca que teve em tempos passados, e por isso seu nome é lembrado como um verdadeiro herói na história do blues. Coincidentemente ou não, o desaparecimento gradativo do blues no cenário mundial nos anos 90,
Stevie Ray Vaughan
coincidiu com a queda de praticamente todas a vertentes musicais expressivas, que foram cedendo espaços a estilos comerciais voltados para a mídia e para o marketing, pouco preocupados com uma expressão artística e cultural, da música como forma de transmissão de idéias e emoções, o que levou a uma queda acentuada na qualidade artística das composições musicais nesse final de milênio. Porém numa proporção mais restrita, novos músicos de blues surgem no cenário musical americano como Keb' Mo' e Corey Harris, mas ainda longe de ser expressivo e significativo como outrora fora.

Premiações

Diversos músicos de blues já foram premiados com o Grammy Award (que possui uma categoria dedicada exclusivamente ao blues) e outros importantes prêmios da indústria fonográfica. Em 1980 a Blues Foundation, uma corporação sem fins lucrativos sediada em Memphis, Tennessee criou o Blues Hall of Fame que consiste em uma lista de pessoas que contribuiram significativamente para o blues no mesmo ano começou também a distribuição das premiações Blues Music Awards.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Blues
 
Copyright © 2015. The Blues Company